A batalha da mulher selvagem


Aruê! -A batalha da mulher selvagem

Morre a mulher domesticada, o sonho encouraçado pintado de encantado e revela-se o abismo vestido de céu de um azul límpido e mágico. Desperta a mulher selvagem de suas correntes entrelaçadas, de suas incontáveis portas à sete chaves, renasce em luz: chama ardente de vida. Está pronta para a sua coroação.
O início de sua preparação é com um lamento: reúne forças em cada palavra proferida, se fortalece com o canto/oração que começa baixinho e vai crescendo, tomando forma na sua ancestralidade clamada. Seu canto coroado de inúmeras vozes, outrora inaudíveis, num coro majestoso, inunda o jardim do castelo e vai alem dos altos muros que o cerca e invoca seu exército para a batalha.
E sua iniciação está se completando, a hora final se aproxima a galopes de cavalos selvagens. Em seu altar de oração, as velas queimam como se ressoassem tambores e suas chamas flamejam o canto de batalha: seu corpo imerso dança e dança e dança... dança a morte, dança a vida, dança a mulher selvagem...
Com sua espada cega e seus braços desnorteados rodopia enlouquecido a fúria do Barba Azul e aos poucos vai se esfarelando, se corroendo, um redemoinho de pó azul que vai se assentando no chão vermelho.








 

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